Desmilitarização: Com a palavra, um ‘militar’

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Dentre outras funções, nossa missão é transmitir a opinião de quem realmente ‘vive na pele’ a realidade da segurança pública.

A matéria sobre o suposto interesse do governo federal em desmilitarizar as polícias no Brasil tem sido uma das mais comentadas neste site.

Na nossa opinião, o problema não é a farda nem a continência e tampouco a ordem e o respeito aos superiores hierárquicos. E qualquer que seja nosso posicionamento sobre a temática, ele jamais poderá ser interpretado como verdade absoluta. Nosso papel é provocar o debate e ouvir todos os lados possíveis.

Porém, num dos comentários da matéria, a opinião de um policial militar talvez reflita bem o conceito de boa parte da tropa sobre o assunto, e por isso resolvemos transmiti-lo neste espaço de maior visibilidade.

Infelizmente não temos como “transformar em matéria” todos os comentários dos internautas. Mas lembre-se que o ParaibaemQAP é, entre outros aspectos, um porta-voz daqueles que realmente são os especialistas em segurança pública: os profissionais que atuam na área; quem matam, morrem e salvam, na difícil missão de fazer de seus arredores, prezado leitor, um lugar melhor de se viver.

Confira a opinião do internauta militar.

Quando se fala em desmilitarização da polícia, na verdade está se falando da possibilidade de uma nova instituição a ser criada, com diretrizes administrativas e operacionais em dia com a nossa realidade social, e que venha a atender tantos aos anseios de quem hoje faz parte da instituição, como também daqueles que se valem dos serviços prestados pelo órgão estatal responsável pela segurança pública, na modalidade ostensiva.

Um dos grandes males do militarismo atinge diretamente o ser policial militar. Após longos anos de ditadura, parece-me que os elaboradores da nova constituição federal convergiram para um acordo de “vingança”, e promulgaram uma constituição fazendo grande diferenciação entre cidadãos e militares.

É isso mesmo. A única classe que não goza integralmente dos preceitos constitucionais somos nós militares. A saber pelas restrições administrativas, apenas por estar respondendo judicialmente, sem sequer ter havido o trânsito em julgado com sentença condenatória; o não direito à greve; prisão administrativa; jornadas de trabalho sem previsão legal; enfim. E ainda somos intitulados de “classe especial” pelos sábios irônicos.

A necessidade de reformulação é urgente. Seja continuando militar ou não, o mais importante é ter uma instituição que reconheça seus membros como cidadãos, passando a gozar de todos os direitos que contemplem a dignidade da pessoa humana; uma instituição que venha a oferecer as condições de trabalho essenciais para o bom desenvolvimento das atividades laborais. E assim sendo, terá como resultado o alcance dos objetivos estabelecidos no artigo 144 da constituição federal.

Assinado como SD J. Carvalho

ParaibaemQAP