É muito fácil “Jogar pedra na Geni”

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Ouvidoria da Segurança Pública conclui que houve excesso na repressão a protesto no largo Glênio Peres

31 de outubro de 20120

Ouvidoria da Segurança Pública do Estado concluiu que houve excesso na ação de alguns dos brigadianos e também de guardas municipais que atuaram no confronto no largo Glênio Peres, no começo de outubro. Foram colhidos cerca de 30 depoimentos de participantes do protesto, e recebidos vídeos, boletins de ocorrência e exames feitos por pessoas que ficaram feridas. A conclusão da ouvidoria é também de que a primeira agressão partiu das forças de segurança, e não dos manifestantes  . As agressões por parte dos brigadianos e guardas municipais começou antes de qualquer ataque dos manifestantes ao boneco dotatu-bola.

Foto: Bruno Alencastro

O comando de policiamento da capital (CPC) afirmou desconhecer a análise e que o inquérito policial militar que investiga o caso já está em andamento. O coronel Alfeu Freitas reconhece também que nas imagens da praça, fica claro que houve erro por parte de alguns policiais. Ele também já havia reconhecido os problemas.

A reportagem já entrou em contato com a guarda municipal e aguarda retorno.

FONTE: ClicRbs

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Nota da Edição Portal ASSTBM: Não podíamos esperar outra conclusão de uma “OUVIDORIA POLÍTICA”, tecnicamente incompetente para diferenciar o que é uma ação de uso da força para impedir um dano, um crime contra o interesse público, totalmente diferente de uma iniciativa de agressão, esta feita pelos vândalos desocupados que em nada contribuem para a sociedade.

A TÍTULO DE CULTURA

Geni e o Zepelim
  • Autor: Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo – Mudei de idéia
– Quando vi nesta cidade
– Tanto horror e iniqüidade
– Resolvi tudo explodir
– Mas posso evitar o drama
– Se aquela formosa dama
– Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
– e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni