Brigadianos de nível médio protestam durante caminhada na Capital Passeata com faixas e cartazes ganhou apoio da população

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Com o hino do Rio Grande do Sul como trilha sonora, 2 mil pessoas, entre policiais militares e familiares, iniciaram marcha de protesto contra os baixos salários dos profissionais de nível médio da Brigada Militar, ontem, na Capital. Às 13h, centenas de manifestantes já se concentravam na praça Brigadeiro Sampaio, próximo do QG da BM. Em bloco, saíram em caminhada pelas principais ruas do Centro até chegar ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz.

Na chegada, o grupo tentou ser recebido pelo governo, mas como não foi atendido, seguiram para o Teatro Dante Barone, da Assembleia, onde houve uma audiência pública. Somente por volta das 18h, os representantes das associações foram recebidos pelo chefe da Casa Civil, Carlos Pestana. De acordo com o presidente da Associação dos Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs), Ubirajara Pereira Ramos, foi entregue um documento a Pestana com as principais reivindicações, entre elas a separação do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar. “O Chefe da Casa Civil ficou de dar uma resposta em 15 dias”, disse Ramos.

Será constituído um grupo de trabalho do governo para discutir o tema”, disse.

A passeata tinha, à frente, cavaleiros de CTGs das entidades.

Por onde passava, populares aplaudiam e tiravam fotos. Chamava a atenção a diversidade de sotaques e idades — recrutas, crianças e aposentados da corporação

, muitos que saíram do interior do RS para o ato. Entre as faixas, muitos protestos contra os baixos salários, mostrando que um soldado da BM recebe vencimento básico de R$ 548,00.

Em outras, os PMs pediam salário “padrão Fifa”.

Entre as reivindicações, a adoção de um plano de carreira único, em que o soldado entre na corporação e siga até coronel, fazendo concursos internos. Que seja adotado o nível superior também para os soldados, acabando com a divisão de nível médio e superior, além do reconhecimento de todas os cursos universitários e não apenas o de Direito, como ocorre atualmente.

O soldado Fabiano Rocha, do 21˚ BPM, estava com a mulher e a filha, Yasmim, 2 anos, na passeata.

Ele ponderou que se algo não for feito agora para melhorar a situação da categoria, também não conseguirão nos próximos anos. Lembrou que a cada troca de governo há promessas, mas pouco é feito. Rocha disse que protestos já ocorreram nos quartéis, mas de forma silenciosa.

Como é possível que PMs façam o policiamento nas ruas se, com os péssimos salários que recebem, ficam pensando nas dificuldades que suas famílias estão passando? Estamos no fundo do poço”, ponderou o soldado, que tem 15 anos de BM e salário de R$ 2 mil. “É lamentável, mas ficamos só nas promessas e nada mais”, disse ele.

Viúva do 2˚ sargento Brasil Fan Almeida, do Corpo de Bombeiros de Uruguaiana, Maria da Rosa Nunes Almeida, 72 anos, reclamava da pensão que recebe.

Ela lamentou que o aumento, neste mês, foi pouco maior que R$ 100,00. “É horrível, não dá para nada”, avaliou a pensionista, lembrando que “se pensa em comprar algo, o dinheiro não permite”.

Já o 2˚ sargento Carlos Layser, do município de Gaurama, também considerou que os salários pagos pelo Estado estão muito baixos, principalmente para aqueles que saem às ruas para enfrentar criminosos. Ele chamou a atenção para o fato de que quando um brigadiano faz o chamado “bico” é criticado, ressaltando ser isso uma saída devido ao soldo que recebem. “Se não fizer bico, como vou pôr o meu filho na escola e depois na faculdade?”, pergunta Layser, há 27 anos na corporação. “Não há muita alternativa.” Nos cartazes, chamava a atenção denúncias sobre a falta de equipamentos de segurança e até de coturnos menores do que o tamanho do pé.

Fonte: Correio do Povo

PAULO ROBERTO TAVARES E NILDO JÚNIOR

Postado por Comunicação DEE ASSTBMfotocaminhada brigadiana