Sul21: Servidores denunciam desmonte da segurança, rejeitam reajuste zero e falam em greve geral

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A manifestação reuniu cerca de 8 mil servidores e não se limitou à área da segurança. A marcha em defesa da segurança pública contou com o apoio e solidariedade de professores, portuários, servidores do Judiciário, da Saúde e de outras categorias. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

Os servidores da segurança pública promoveram na tarde desta terça-feira (7), no centro de Porto Alegre, o maior protesto dos seis primeiros meses do governo José Ivo Sartori (PMDB). A marcha em defesa da segurança pública reuniu servidores da Polícia Civil, Brigada Militar, Instituto Geral de Perícias (IGP) e Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), que se manifestaram contra o desmonte da segurança pública que, na avaliação destas entidades, estaria sendo patrocinado pelo atual governo do Estado. Os servidores também protestaram contra o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) encaminhado pelo governador Sartori à Assembleia Legislativa, que prevê, entre outras coisas, o congelamento dos salários dos servidores para os próximos anos.

A manifestação reuniu cerca de 8 mil servidores e não se limitou à área da segurança. A marcha contou com o apoio e a solidariedade de professores, portuários, servidores do Judiciário, da Saúde e de outras categorias. “A exemplo do que aconteceu durante os governos Antônio Britto e Yeda Crusius, o governo Sartori está unificando os servidores públicos contra a agenda de desmonte do Estado”, comentou a deputada estadual Stela Farias (PT), um pouco antes da marcha chegar ao Palácio Piratini. Os organizadores da manifestação destacaram a articulação de um bloco unificado de servidores para enfrentar as políticas propostas pelo atual governo. A ideia é que, a partir de agora, cada ato de uma categoria de servidores conte com o apoio e a participação das demais.

A marcha desta terça-feira partiu de diferentes pontos da cidade, reuniu-se no Largo Glênio Peres e rumou para o Palácio Piratini. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

A marcha desta terça-feira partiu de diferentes pontos da cidade, reuniu-se no Largo Glênio Peres e rumou para o Palácio Piratini para se encontrar com servidores de outras categorias que aguardavam seus colegas da área da segurança. Com apoio de dois caminhões de som, representantes das entidades dos servidores da segurança criticaram as políticas do governo Sartori para o setor e a proposta de LDO que, em princípio, seria votada no plenário da Assembleia nesta terça. O falecimento do diretor de segurança da Assembleia, Julio Milkewicz Neto, levou a mesa diretora a cancelar a sessão que deveria apreciar e votar a LDO. As entidades da categoria avaliaram essa suspensão como um sinal de que a base do governo temeu a pressão das galerias que estaria tomada de servidores. A votação da LDO ficou para a próxima terça-feira, dia 14. Os servidores prometeram retornar à Assembleia neste dia para acompanhar a votação.

Na semana passada, a base de apoio do governo Sartori na Assembleia rejeitou todas as emendas apresentadas ao projeto da LDO, garantindo a ida ao plenário da íntegra da proposta do governo. Os deputados da base governista que votaram a favor do projeto da LDO tiveram seus nomes citados sob fortes vaias na manifestação desta terça. Para os servidores, a proposta que congela os salários nos próximos anos e suspende reajustes já aprovados é inaceitável e, caso seja mantida pelo governo, poderá resultar em uma greve geral de todo o funcionalismo público estadual.

Estado de alerta e estado de greve

O presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar, Leonel Lucas, defendeu que a mobilização desta terça tem que prosseguir até que o governo retire o PL 206/15 da Assembleia. “Precisamos ficar em estado de alerta. Se isso não bastar, entraremos em estado de greve. E se isso também não for suficiente, entraremos em greve”.

Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm), classificou a marcha como histórica. “Estamos aqui para dar um basta aos desmandos deste governo que se instalou no Palácio Piratini no dia 1º de janeiro. Esse governo está aplicando a mesma receita dos governos Britto e Yeda, a mesma receita neoliberal que faliu a Grécia e diversos países da Europa. Não vamos permitir que isso aconteça no Rio Grande do Sul”, disse Ortiz. Ainda segundo o presidente do Ugeirm, o governador Sartori é responsável por medidas como corte de horas extras e diárias, contingenciamento de combustível e de outros recursos, que vem tendo como resultado um aumento da criminalidade no Estado. “A cada dia vemos surgir um novo tipo de crime, cada vez mais violento e bárbaro”, acrescentou Ortiz que pediu uma salva de palmas em homenagem ao policial civil André Klein Ferreira, de 30 anos, morto no início do mês em uma tentativa de roubo, em Canoas, quando chegava em casa com a mãe.

Servidores pediram a retirada do PL 206/15 e reafirmaram a sua inconformidade com a proposta de reajuste zero para todas as categorias no próximo ano e com o não pagamento de reajustes já aprovados no ano passado.  (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

O governador Sartori, afirmou ainda Ortiz, “agora descobriu que o nosso salário é o grande problema financeiro do Estado. “Nós não aceitaremos isso de braços cruzados e, se for preciso, transformares essa praça numa praça de guerra, no bom sentido. Não repetiremos aqui o que aconteceu no Paraná, onde os professores foram massacrados. Aqui, os policiais não irão massacrar os professores, pelo contrário, estarão juntos com eles nesta luta”, garantiu.

Ao final do ato, uma comissão de representantes das entidades dos servidores foi recebida no Palácio Piratini pelo chefe da Casa Civil, Marcio Biolchi. Eles pediram a retirada do PL 206/15 e reafirmaram a sua inconformidade com a proposta de reajuste zero para todas as categorias no próximo ano e com o não pagamento de reajustes já aprovados no ano passado. Nos próximos dias, os sindicatos de servidores públicos devem intensificar a articulação e definir um calendário de mobilizações que pode incluir uma grande assembleia geral de todos os servidores públicos e desembocar em uma greve geral de todo o serviço público caso o governo insista em manter as propostas encaminhadas à Assembleia.

Veja outras imagens da manifestação:

Foto: Guilherme Santos/Sul21

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