Secretário de Segurança descarta Força Nacional: “BM é suficiente”

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Batalhão de Operações Especiais (BOE) ocupa a Vila Cruzeiro nesta segunda-feira por tempo indeterminado Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Batalhão de Operações Especiais (BOE) ocupa a Vila Cruzeiro nesta segunda-feira por tempo indeterminado
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Apesar dos apelos da prefeitura da Capital, Piratini entende que o efetivo da Brigada pode controlar Porto Alegre

Defendido como solução pela prefeitura de Porto Alegre para conter a insegurança e a onda de violência que atingem o Rio Grande do Sul e a Capital nas últimas semanas, o envio de homens da Força Nacional ao Estado foi descartado pelo governo José Ivo Sartori nesta segunda-feira, após intensas articulações entre as principais autoridades da segurança pública gaúcha. O apelo do Executivo municipal voltou com força depois do tiroteio com morte e ataque a ônibus na Vila Cruzeiro, ocorridos na última sexta-feira.

Enquanto o Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar ocupava o local pela manhã para garantir a segurança da população por tempo indeterminado, José Fortunati, junto com o comando da corporação, tentava novamente sensibilizar o governador a ceder e permitir o uso de policiais de elite para atuar nas ruas e bairros mais violentos da Capital. De acordo com o secretário de Segurança, Wantuir Jacini, a Força Nacional só será chamada em situações pontuais, como rebeliões e bloqueios de estradas.

– A Brigada Militar, com todo seu efetivo, é suficiente para resolver essas questões. A Força Nacional é para intervenções específicas, que podem ser, por exemplo, em presídios ou rodovias federais, como aconteceu no início do ano. No policiamento rotineiro, temos um grande efetivo da BM em Porto Alegre, e esse efetivo empregado (na Vila Cruzeiro) é de operações especiais. Portanto, não é rotineiro – disse Jacini, quando questionado sobre a necessidade de reforço policial no Estado.

Ele deixou claro que, “se houver necessidade”, a Força Nacional será chamada, o que não seria preciso agora na avaliação do Piratini, ainda mais com a confirmação de que os salários de setembro dos servidores serão pagos normalmente na próxima folha.

Aperto de mãos, sorrisos e posições inalteradas

Formada por 13 mil PMs e bombeiros de grupos de elite dos Estados, a Força Nacional está presente em 14 unidades da federação e, no início de 2015, ajudou o governo do Estado no desbloqueio de estradas federais por conta dos protestos de caminhoneiros. Somente o governador pode pedir à União o envio de tropas. Quando perguntado se tomaria essa atitude, Sartori não respondeu e limitou-se a reafirmar a confiança na Brigada:

– Todo mundo está fazendo sua parte. Desde sexta-feira passada a BM está trabalhando, e hoje algumas questões foram resolvidas e continuarão operando da mesma forma que sempre foi feito em todos os lugares. A Brigada cumpre um papel importante numa área que é muito disputada. As coisas vão se resolvendo aos poucos.

Durante a tarde, Fortunati e Sartori sentaram-se lado a lado no Palácio Piratini no lançamento do Projeto Simplificar, cujo objetivo é facilitar a abertura de novas empresas. Apesar dos sorrisos e aperto de mãos, o prefeito não conseguiu sair do encontro com a adesão do governador para a convocação da Força Nacional.

Na sede do Ministério Público, Fortunati tratou ainda das medidas emergenciais na Vila Cruzeiro e mostrou a um grupo de procuradores e a Wantuir Jacini a preocupante situação da segurança na Capital.

– Infelizmente, a sensação de insegurança se alastrou para toda a cidade, que continua sem o aparato necessário que a população necessita. E aí é que continuo defendendo a importância da Força Nacional aqui – ressaltou Fortunati.

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