JORNAL O SUL: Brigada vai inquietar crime organizado

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17910836Wanderley Soares

Sem que houvesse qualquer combinação com o CPC (Comando de Policiamento da Capital) da Brigada Militar, apontei ontem que, enquanto os efetivos das organizações policiais gaúchas estiverem estagnados pela política financeira do governo José Ivo Sartori e longe de sequer pensar num cinturão que comece em nossas fronteiras, deverão se tornar ainda mais rotineiras as batidas, as operações vassoura aqui e acolá ou também os chamados reforços. As batidas são as também chamadas blitzen. Pois são exatamente as blitzen que o comandante interino do CPC, tenente-coronel Kleber Rodrigues Goulart, anunciou, na quarta-feira, que estarão sendo instaladas nas principais avenidas de Porto Alegre. Com tentativas de frases de efeito, como o “crime anda sobre rodas” e “é preciso inquietar o crime organizado e quadrilhas em disputa pelo tráfico de drogas”, Goulart alertou que as operações poderão causar problemas no trânsito e, antecipadamente, pediu a compreensão da sociedade. Sem desviar das barreiras, sigam-me.

Credibilidade

As estratégias da segurança pública, sejam elas quais forem, são, em princípio, bem recebidas, mas podem resultar em perda de credibilidade se, ao “inquietarem” a naturalmente inquieta bandidagem, não resultarem na queda da criminalidade e, ao mesmo tempo, perturbarem, ainda que com o pedido de compreensão, o sagrado direito de ir e de vir do cidadão. Anoto aqui o caso dos chamados territórios da paz criados pelo governo passado, mantidos parcialmente por Sartori sem consequência outra que não o aumento da criminalidade.

Surpresa

Ilustro este tema ao lembrar que a blitz ou, originalmente, blitzkrieg (termo alemão para guerra-relâmpago), é uma tática militar arquitetada pelo general Erich von Manstein, um dos comandantes mais destacados da Wehrmacht, a força armada da Alemanha Nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Em nível operacional, a tática consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar a defesa. Entre seus elementos básicos, portanto, estava o efeito-surpresa. Assim é que as blitzen do CPC estão sendo lançadas sem seu elemento essencial, o efeito-surpresa. A bandidagem está informada.

Inquietude

Por fim, aqui da minha torre, na expectativa de boa sorte para CPC, aponto para o que é sabido tanto por veteranos como por jovens policiais sobre a blitz. Trata-se de uma das ferramentas que devem ser mantidas vivas nos planos das ações ostensivas e investigativas, mas será temerário fazer dela a base da estratégia da segurança pública, pois entre outras sequelas, provoca um imenso desgaste individual e coletivo no efetivo, sendo impossível, nas condições atuais da Brigada Militar, ser mantida sequer por médio prazo e, mais grave do que isso, ao parar, abrirá flancos, de forma irreparável para o avanço do inquieto crime organizado.

Tráfico no litoral

A Polícia Civil gaúcha realizou, na manhã de ontem, em Torres, Litoral Norte gaúcho, e em Passo de Torres, a Operação Erga Omnes para combater o tráfico de drogas, homicídios e o uso de armas na região. Pelo menos oito pessoas foram presas e houve a apreensão de drogas e um carregador de pistola 9 milímetros municiado. Segundo o delegado Celso Alan Jaeger, as investigações iniciaram há seis meses. Participaram da ação cerca de 70 policiais civis, entre eles equipes do Grupamento de Operações Especiais, da Divisão de Apoio Aéreo e da Operação Verão. A Brigada Militar prestou apoio e utilizou cães treinados na busca de drogas.

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