PIONEIRO: Nome de Sartori deve ser confirmado à reeleição em abril ou maio do próximo ano

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Governador desconversa quando o assunto é o pleito ao Piratini

André Tajes

A candidatura do governador José Ivo Sartori à reeleição é consenso dentro do PMDB, e o tema ficou explícito na convenção estadual que elegeu o novo presidente da sigla no Rio Grande do Sul. A intenção de confirmar Sartori novamente como postulante ao Piratini fica evidente nos discursos das principais lideranças da sigla e nas manifestações de apoio da militância.

Apesar da forte tendência de Sartori disputar a eleição para o governo do Estado, o “jeitão” dele de lidar com anúncios de candidaturas é muito particular. Prudente, trata esse tipo de assunto somente com as pessoas mais próximas, e uma delas é o secretário de Planejamento, Gestão e Governança, Carlos Búrigo, que também segue a cartilha do governador e adota a discrição para tratar sobre os temas relacionados às eleições do próximo ano.

Em 2011, o então prefeito Sartori criou uma frase que se consolidou no cenário caxiense:

— Eleição só depois da Festa da Uva.

A afirmação de Sartori servia para ganhar tempo e tinha como justificativa não politizar a principal festa da cidade. Desde então, os candidatos de situação em Caxias têm adotado a mesma postura para adiar as discussões. Mesmo longe da festa, o governador deverá seguir à risca seu método e retardar a provável confirmação de sua candidatura ao Piratini para evitar desgastes.Durante a convenção partidária, semanas atrás, Sartori disse que, mais importante que a reeleição, é dar continuidade ao processo de transformação do Estado, iniciado em 2015.

— Isso depende da vontade, da disposição política e de agregação de todos nós para fazermos essa caminhada — declarou.

Na sexta-feira, por meio da assessoria de imprensa, Sartori desconversou:

— Se eu não posso dizer que sim, também não preciso dizer que não — disse.

O que dizem as lideranças:

Deputado estadual Edson Brum (PMDB)
“Por onde a gente anda pelo interior, vejo esta tendência. O Rio Grande do Sul depende da reeleição do governador Sartori. Tem que começar a trabalhar a defesa do governo. Tem obras, ações sociais, investimentos em estradas que começam a reverter em modernização do Estado.”

Ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra
“Tenho confiança absoluta nas condições de ver o PMDB fazer a grande virada para reverter o atual momento, com medidas firmes e corajosas e com apoio do Governo Federal, a ajuda do ministro (Eliseu) Padilha ajudar o Estado, e ver um acontecimento inédito para ver a reeleição.”

Ex-senador Pedro Simon
“O PMDB que conduziu a democracia e a liberdade, em meio a esta confusão política — e que a Justiça seja feita com a verdade — tem agora a chance de restabelecer um novo caminho através das reformas.”

Entrevista: presidente estadual do PMDB, deputado federal Alceu Moreira

Deputado federal e presidente do PMDB do Rio Grande do Sul, Alceu Moreira Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
 

“O governador Sartori é a mudança e deveria continuar como timoneiro do barco”

O governador Sartori é nome de consenso para à reeleição?
Se o Sartori quiser ser candidato, ele será com certeza o candidato natural e de consenso do partido. Não sei se essa é a época mais adequada para discutir esse tema. Há muita coisa para acontecer, e essa decisão deverá ser tomada lá pelo mês de abril ou maio do ano que vem. Por tudo que ele está fazendo no RS e o resultado que se deve dar até o final do ano, deve transformar cada dia mais a sua candidatura competitiva e o PMDB, com certeza, terá consenso geral em torno do seu nome.

Uma das características do governador é retardar o início da campanha eleitoral. Como o senhor avalia esse método?
A candidatura dele pode ser retardada ao máximo, porque é uma pessoa conhecida, mas o mais importante neste momento é saber, com tudo o que está acontecendo no Brasil, qual é a expectativa que os eleitores terão no ano que vem, do perfil do candidato e o que o eleitor está solicitando. Na eleição para prefeito, agora, tivemos uma série de surpresas, e o eleitor tinha uma expectativa diferente do que se imaginava. O partido vai ficar trabalhando com pesquisas. Temos que deixar claro que somos um partido de centro e não ficar no conforto de fazer apenas o discurso contra o PT. Temos que trabalhar o uso do capital com responsabilidade social, e todos os nossos projetos têm que estar dentro desse projeto. A decisão de anunciar a candidatura tem que ser decidida com o candidato.

É mais difícil trabalhar em uma campanha de reeleição?
Não creio que seja mais difícil. Depende do cenário que se apresenta. Com todo esse tempo antes, não há como considerar uma campanha mais fácil ou difícil sem conhecer os seus adversários. Mas acho que dois valores estarão muito presentes na campanha do ano que vem. O primeiro é a questão ética, e o governo Sartori é absolutamente ético e não transige com esses valores. E a segunda questão é a coragem de fazer a transformação, mesmo que isso tenha a antipatia e problemas com a opinião pública. Ele (Sartori) é um cidadão que soube ouvir, que não fez agressão, que uniu o Estado e sai desse processo negociando a dívida, fazendo o ajuste fiscal e conseguindo colocar o Estado em ordem. Ele tem três ou quatro pontos fortíssimos para a competição eleitoral. Na última eleição, os eleitores votaram por mudança, mas os gaúchos nunca reelegeram um governador do Rio Grande do Sul.

Como será o comportamento na próxima eleição?
Tomara que eles contrariem a regra. Quando não queriam mudança, mesmo assim elegiam outro governador. Quem sabe agora, quando todo mundo quer mudança, elejam o mesmo exatamente porque ele (Sartori) é a mudança. O caminho que estamos fazendo, de transformação, é a mudança. Não pode pegar um Estado destruído por décadas e ter um projeto para reconstruir e, quando está no ponto mais importante da sua reconstrução, tirar quem foi capaz de liderar esse processo. Nem sempre o moderno é o melhor e o novo a solução. Quem propôs o processo de engenharia política para tirar o RS da situação deprimente em que estava e colocar na condição de Estado competitivo foram Sartori e sua equipe. Ele deveria continuar como timoneiro, levando esse barco até o melhor porto.