JORNAL NACIONAL: Servidores do Rio Grande do Sul sofrem com atraso de pagamentos

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Estado ainda não depositou salários de junho. Para botar as contas em dia, o governador Eduardo Leite defende a permanência dos estados na reforma da Previdência.

Por Jornal Nacional

Por falta de dinheiro, o estado do Rio Grande do Sul ainda não depositou os salários de junho aos servidores. Os pagamentos só vão começar nesta quarta-feira (10).

Três anos e meio de atrasos e parcelamentos de salário levaram o policial Cláudio Wohlfahrt a escolhas difíceis: que contas deixar de pagar?

“Nos primeiros meses, eu fui jogando os recursos que a gente tem: cheque especial com cartão de crédito. Depois, tu começa a pedir empréstimos e depois tu começa a deixar algumas contas para trás”.

O problema é que o caixa do governo gaúcho está vazio. Em 2018, a dívida do estado cresceu quase 10%, chegando a R$ 84,2 bilhões. Daí falta dinheiro para a folha do Executivo.

O pagamento que deveria ter sido feito até o último dia útil de junho, só vai começar em 10 de julho. Mas só para aqueles servidores que ganham menos.

É o caso dos professores Gabriel e Caroline Felipe. Mas isso não chega a ser uma grande vantagem. Por causa dos atrasos, eles precisaram fazer empréstimos.

“Aí a gente consegue adiantar o salário, que já vem com desconto dos empréstimos, que é 30% já. Eu vejo uma grande maioria dos colegas com 30% do salário cortado já”, disse Caroline.

Para quem recebe mais de R$ 4.500, ainda não há data de pagamento definida.

“A gente permanece com esse desafio de tentar colocar em dia até o fim do ano. Temos aí mais um semestre pela frente para conseguir alcançar”, afirmou Marco Aurélio Cordoso, secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul.

Para botar as contas em dia, o governador Eduardo Leite defende a permanência dos estados na reforma da Previdência.

“Um sistema previdenciário como o do Rio Grande do Sul, que tem R$ 12 bilhões de déficit, que cresce R$ 1 bilhão por ano, consome a capacidade de investimentos do estado de serviços em saúde, educação, em segurança e infraestrutura. E, por isso, que vai se precarizando a prestação de serviços em nosso estado”, declarou.

A falta de dinheiro em caixa também atinge outros estados. Os servidores de Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí e Amapá recebem em parcelas dentro do mês. Em Sergipe, o pagamento para quem ganha mais de R$ 3 mil chega com atraso.

No Rio Grande do Norte, ainda não foram pagos três meses de salários de 2018 e parte dos servidores de Goiás não recebeu o mês de dezembro.

Quem há tanto tempo convive com o desequilíbrio nas contas teme que a situação possa piorar.

“É uma grande bola de neve e a gente acaba perdendo o controle sobre isso. A gente tenta de alguma maneira resolver, de repente não é a maneira mais saudável, mas também não é desejável que a gente trabalhe e não recebe no fim do mês o nosso salário”, disse o professor de filosofia Gabriel Andrada Bandeira.