Salários de junho de servidores do Executivo só devem ser quitados em 12 agosto

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Governo adiou para o dia 23 de julho o anúncio da previsão de pagamento para 23% da folha

GAUCHAZH

O adiamento para o dia 23 do anúncio do calendário de pagamento dos salários acima de R$ 4,5 mil para os servidores do Executivo indica que a folha de junho só será quitada em 12 de agosto. A se confirmar esse cenário, será o maior atraso desde que começou o parcelamento, em agosto de 2015. A bola de neve não para de crescer.

Se não houver entrada de recursos extraordinários, a previsão realista é de que a folha de julho só comece a ser paga em 23 de agosto. Depois de quitar os salários de junho, o governo não pode começar o pagamento do mês seguinte sem repassar aos bancos e entidades os créditos consignados (R$ 180 milhões). Como também precisa liquidar débitos com a saúde, o cenário para o pagamento dos salários de julho torna-se dramático.

Até o próximo dia 23, a Fazenda quitará os salários até R$ 4,5 mil (77% das matrículas) e depositará o mesmo valor para quem ganha acima dessa faixa. O desafio é o saldo remanescente, pela combinação entre despesas inadiáveis e volume de receitas previstas.

No dia 30 de julho, quando ainda não terá depositado os vencimentos de todos os servidores do Executivo, o Estado terá de repassar os R$ 400 milhões do duodécimo dos outros poderes. 

O problema aumenta porque a receita de ICMS e os repasses de recursos federais entram a conta-gotas. Nos primeiros oito dias de cada mês, os cofres públicos não recebem receitas ordinárias. O primeiro recurso, o da substituição tributária, entra no dia 9, mas o valor não é relevante. O pagamento do grosso do ICMS ocorre entre 10 e 12 (energia, combustíveis,  telecomunicações, indústria e comércio), mas, em agosto, o dia 10 cai em um sábado. Por isso, a previsão extraoficial de quitação da folha no dia 12.

Entre 13 e 16 também não há depósitos de valor significativo. No dia 17 a União repassa o dinheiro do Fundeb, que cai no caixa único e é usado para pagar salários. No dia 21, entra a arrecadação do Simples. Na última semana, o Tesouro recolhe a segunda parcela do ICMS de energia, combustíveis e telecomunicações, insuficiente para cobrir as despesas do final do mês.