Homenagem da ASSTBM

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A ASSTBM, entidade que ora representa a graduação dos SARGENTOS,  parabeniza todos os graduados pelo seu dia.  Como entidade que luta pelos direitos dos Sargentos  e Tenentes  e destes depende sua existência, convidamos à  todos que ainda não fazem parte de nossa associação, que venham somar  forças,  para que a cada dia possamos buscar melhorias e dignidade à nossa classe.

Das Origens do Sargento

A palavra sargento tem origem no latim e data da época do Império Romano. Naquele momento histórico, representava a pessoa que servia ou auxiliava, no campo ou nas armas, sendo escudeiro ou servindo a nobres. Era conhecido como “servientes”, ou seja, aquele que serve.


Na Idade Média, encontravam-se inseridos nas diversas ordens de cavalaria. Porém, por não possuírem uma ascendência nobre, diferenciavam-se dos cavaleiros, combatendo com armas típicas de infantaria. Os sargentos também administravam as fortalezas das ordens. Na Ordem do Templo, por exemplo, o Irmão Sargento de Mosteiro estava hierarquicamente acima do Irmão Sargento, usando a túnica branca dos cavaleiros, enquanto o segundo usava a túnica marrom.

Em Portugal, desde o início das tropas regulares de linha, havia o sargento-mor. Na estrutura militar, os nobres eram designados tenentes-coronéis, mestres-de-campo ou generais. Os sargentos-mores entravam como soldado e ganhavam essa patente após se destacarem. Assim, gozavam de prestígio tanto com os comandantes, quanto com os soldados, sendo efetivamente o elo fundamental entre o comando e a tropa. Tal era seu prestígio que, durante as batalhas, eram eles que efetivamente comandavam as manobras.

O sargento-mor era responsável também pela preparação militar dos homens em geral e hierarquicamente ficava entre os oficiais maiores (tenente-coronel) e os oficiais subalternos (alferes e capitão). Tal situação pode ser verificada no desempenho do sargento-mor Antônio Dias Cardoso, durante a Insurreição Pernambucana.

Durante a gestão do Marquês de Pombal, houve um aperfeiçoamento das estruturas militares. Coube ao Conde de Lippe, nobre alemão contratado pelo exército português, efetivar estas transformações. Nesse contexto o sargento passou à condição de praça de pré, ficando os oficiais subalternos responsáveis pelo comando das companhias.
Lippe criou ainda a Real Academia Militar. Para frequentar esta instituição de ensino, a praça deveria ser sargento, sendo declarado alferes após a conclusão. O Brasil, como colônia de Portugal, herdou as estruturas militares lusitanas.


A história do Exército Brasileiro (EB) conta com um grande número de célebres sargentos, que se esforçaram na conquista, manutenção e defesa da pátria e de suas instituições.
Todos esses sargentos representaram muito bem a ideia de que o sargento deve ser o elo entre o comando e a tropa, na qual repousa a eficiência, a eficácia e a operacionalidade de um exército.


Dentre os principais exemplos de sargentos do nosso exército destacam-se Antônio Dias Cardoso, Rafael Pinto Bandeira, Antônio João Ribeiro e Max Wolf Filho.

ANTONIO DIAS CARDOSO

Antônio Dias Cardoso, o conhecido “mestre das emboscadas”, foi um dos líderes da Insurreição Pernambucana, movimento militar que expulsou os holandeses do Nordeste. Suas emboscadas vieram da observação da arte da guerra dos indígenas, em oposição às formações pouco flexíveis dos exércitos europeus.

A ele coube também a instrução militar dos patriotas recrutados em um percurso sigiloso entre Pernambuco e Bahia. O mestre da guerra irregular também esteve nas batalhas de Casa Forte, Monte das Tabocas e nas duas batalhas de Guararapes.
Este exército de patriotas, formado por Antônio Dias Cardoso, representou a gênese do exército brasileiro, sendo Dias Cardoso reconhecido como seu organizador e primeiro comandante.

Devido a seu vasto legado de guerra irregular, emboscada e técnicas de guerrilha, foi homenageado como o patrono das Forças Especiais do Brasil. Seu nome se encontra ainda no Livro de Heróis da Pátria, guardado no Panteão da Pátria na Praça dos Três Poderes em Brasília-DF.

RAFAEL PINTO BANDEIRA

O Sargento-Mor Rafael Pinto Bandeira foi um dos maiores heróis do Brasil e do Rio Grande do Sul. Ele foi responsável pela defesa do território brasileiro frente aos

espanhóis. Esse sargento-mor assentou praça aos quatorze anos na única Unidade Militar no Rio Grande do Sul à época: o Regimento de Dragões do Rio Pardo.

Pinto Bandeira cavalgou com sua tropa por todo o Rio Grande do Sul, tornando-se uma lenda para seus contemporâneos.
Foi o principal líder da resistência lusobrasileira às invasões castelhanas ao território riograndense. Dentre suas principais ações militares, destacam-se a tomada do Forte de São Martinho, na região dos Sete Povos das Missões; a defesa da praça de Rio Pardo; e o cerco ao Forte de Santa Tecla, na atual Bagé.

A partir de 1784, tornou-se governador militar do Rio Grande do Sul. Rafael Pinto Bandeira passou para a história pela sua capacidade de liderança e empatia com a tropa.

ANTÔNIO JOÃO RIBEIRO

Antônio João Ribeiro sentou praça em 1841, promovido depois à graduação de cabo e sargento. Em 1860 foi nomeado comandante da Colônia Militar de Dourados, na então Província de Mato Grosso.

A célebre passagem de Antônio João deu-se no contexto da invasão paraguaia ao Brasil, no ano de 1864. Naquela época, a Colônia Militar de Dourados possuía um efetivo de quinze homens. Apesar da imensa desvantagem numérica, a tropa de Antônio João resistiu bravamente até sucumbir frente ao numeroso exército paraguaio invasor.

O senso de civismo fez com que o comandante evacuasse os civis antes dos embates. O dever para com a nação brasileira culminou com a morte deste valoroso militar. Ficou célebre a mensagem de Antônio João:
‘Sei que morro, mas meu sangue e dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria’.


Uma estátua alusiva a esse ato heroico foi erguida na Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de eternizar aquele momento. Antônio João foi, ainda, homenageado pelo Quadro Auxiliar de Oficiais, ao ser eleito seu Patrono

MAX WOLFF FILHO

O sargento Max Wolff Filho foi um militar brasileiro integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a campanha da Itália, na Segunda Guerra Mundial.
Natural do Paraná, seu pai era um imigrante austríaco e sua mãe, paranaense. Iniciou a carreira militar no 15º Batalhão de Caçadores, no aquartelamento do atual 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba. Esse quartel leva seu nome como denominação histórica.
Com a mudança para o Rio de Janeiro, ingressou na Polícia Militar, quando, em 1944, entrou como voluntário na recém-criada FEB. Após seu alistamento, passou a ser integrante do 11º Regimento de Infantaria, sediado em São João del Rei – MG.


Destacou-se na guerra por sua intrepidez, abnegação e liderança, especialmente nas diversas patrulhas que comandou ao longo do conflito. Os correspondentes de guerra destacaram suas ações de combate, tanto na imprensa nacional, quanto na estrangeira.

Em sua última missão, voluntariou-se para comandar uma patrulha de reconhecimento. Partiu junto com dezenove companheiros, todos indicados por bravura por entrarem em uma região que era conhecida como ‘terra de ninguém’. Atingido por uma rajada de metralhadora no peito, veio a falecer. O corpo do sargento Max Wolff só foi encontrado passados alguns dias dessa ação.

Como forma de reconhecimento, foi agraciado ‘post-mortem’ com as seguintes medalhas: Cruz de Combate e Campanha de Sangue, pela República Federativa do Brasil; e a Bronze Star Medal, pelo exército dos Estados Unidos da América.

No Brasil, a Escola de Sargento das Armas recebeu a denominação histórica de Escola Sargento Max Wolff Filho, como forma de transformar seu exemplo em farol aos futuros sargentos do Exército Brasileiro.
Ainda como forma de reconhecimento do seu valor, foi criada a medalha Sargento Max Wolff Filho, concedida aos subtenentes e sargentos que tenham se destacado no desempenho profissional e evidenciado o perfil do célebre sargento morto nos campos de batalha italianos.
Max Wolff foi sepultado no cemitério militar da FEB, na cidade italiana de Pistoia. Posteriormente, seus restos mortais foram transladados para o Brasil.

FONTE: ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS DAS ARMAS
(EASA)