Suicídios na BM: Comandante anuncia contratação de psiquiatras e promete novas medidas

822

Coronel Feoli informou que a Brigada irá contratar oito psiquiatras e duas psicólogas para auxiliar no tratamento da saúde mental dos servidores.

Coronel Feoli e Luciana Genro trataram do tema do adoecimento de praças da BM | Foto: Débora Fogliatto

O SUL: A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) apresentou nesta quarta-feira (17) ao comandante-geral da Brigada Militar, Coronel Cláudio dos Santos Feoli, diversas demandas que ela vem recebendo por parte de brigadianos de nível médio. Luciana apresentou no final de abril, durante o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Brigadianos de Nível Médio, um dossiê que aponta para a grave situação de adoecimento mental entre os policiais militares. Já o Coronel Feoli anunciou que a Brigada está contratando novos psiquiatras e adotando novas medidas para o enfrentamento ao problema.

O dossiê e a frente resultam de um trabalho que a parlamentar vem desenvolvendo nos últimos anos junto à categoria, o que lhe permitiu fazer um levantamento dos problemas relacionados à carreira e condições de trabalho, perseguições por superiores e uma grave situação de saúde mental e de suicídios entre policiais militares.

Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a deputada obteve dados que revelam que, entre o início de 2018 e o final de fevereiro de 2023 — quando a solicitação foi feita –, foram registrados 45 suicídios dentro da corporação, o que representa mais da metade das 89 mortes de policiais militares no período. No mesmo espaço de tempo, 15 policiais militares morrem em confrontos durante o serviço. Somente em 2023, já ocorreram seis suicídios de brigadianos.

Nesta quarta, a deputada entregou ao comandante da BM o dossiê e cópia de todos os ofícios que já enviou ao Comando, com sinalização de quais não foram respondidos. Durante a conversa, ela ponderou que há comandantes de batalhão que perseguem subordinados pelos mais diversos motivos, utilizando escalas e outras medidas administrativas para prejudicar soldados e sargentos.

“Muitos dos casos são de praças que estiveram afastados por motivos de saúde e, ao retornar, passam a ser perseguidos. Há muitos relatos de oficiais que não levam a sério os afastamentos, especialmente em caso de saúde mental. Há também denúncias de racismo, LGBTfobia e perseguições contra brigadianas mulheres”, disse Luciana Genro.

Feoli relatou que há medidas sendo tomadas para enfrentar a questão do adoecimento mental, como a contratação de oito psiquiatras, que irão atender 24 horas, e de duas psicólogas. Ele também garantiu que irá ocorrer um processo seletivo para a formação de mais 90 soldados e sargentos para o Programa Anjos, em que policiais atuam como facilitadores de atenção à saúde mental na corporação.

“A Brigada Militar é uma instituição muito complexa e difícil de humanizar, mas o comandante Feoli se mostrou atento a todas as pautas que levamos e, em alguns casos, nos garantiu que medidas já estão sendo tomadas. Sobre a questão da permanência em pé no posto base sem possibilidade de ir ao banheiro ou se abrigar da chuva, ele garantiu já ter determinado que isso não aconteça. Também se comprometeu a avaliar todas as denúncias que apresentamos. Vamos seguir lutando para que os Praças tenham os seus direitos humanos respeitados dentro da corporação”, disse Luciana.

A parlamentar também pediu apoio ao Comandante-Geral para o projeto de lei que prevê a instalação de câmeras em fardas e viaturas policiais. Feoli informou que será realizado ao final deste mês um pregão para contratação de empresa para fornecer as câmeras a partir de iniciativa do próprio governo, e Luciana Genro destacou a importância de se aprovar o projeto para que a medida seja de Estado, e não de um governo.

O comandante se comprometeu a analisar o projeto e, se necessário, fazer sugestões. A proposta da deputada está na Assembleia Legislativa e já obteve parecer favorável do relator na Comissão de Constituição e Justiça, onde tramita atualmente.