Hospitais ameaçam suspender atendimento a segurados do IPE Saúde 

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Médicos também reclamam da remuneração e alertam para possíveis descredenciamentos 

ROSANE DE OLIVEIRA GZH

Segurados do IPE Saúde correm o risco de perder o acesso a hospitais privados e filantrópicos. Lauro Alves / Agencia RBS

Segurados do IPE Saúde que desde o ano passado tiveram aumento substancial na mensalidade, com a cobrança dos dependentes, correm o risco de perder o acesso a hospitais privados e filantrópicos, como a Santa Casa de Porto Alegre, hoje uma espécie de porto seguro dos servidores públicos. O Mãe de Deus já expediu um comunicado informando que, a partir de abril, não atenderá mais segurados do IPE Saúde em sua unidade da Avenida Carlos Gomes. Em hospitais do Interior, como Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria, o IPE Saúde está negando autorização, inclusive em casos de tratamento oncológico. 

Na semana passada, os hospitais enviaram carta ao governador Eduardo Leite (leia abaixo) avisando que a situação chegou a um ponto crítico porque os valores pagos são insuficientes para cobrir os serviços prestados.  

Para piorar a situação dos segurados, médicos descontentes com a tabela de remuneração ameaçam se descredenciar. Nesta segunda-feira (26), o Conselho Regional de Medicina (Cremers) divulgou nota pleiteando a urgente atualização dos valores de consultas e procedimentos pagos aos médicos credenciados ao IPE Saúde. Na nota, o Cremers se solidariza com as entidades hospitalares que alegam estar “pagando para atender” os segurados do IPE Saúde.  

Confira a íntegra da nota do Cremers e a carta enviada ao governo pelos hospitais: 

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) reitera a urgente atualização dos valores de consultas e procedimentos pagos aos médicos credenciados ao IPE Saúde. 

A tabela de remuneração dos serviços médicos está defasada há muitos anos, e impacta negativamente o atendimento aos pacientes. Os valores pagos aos médicos, muitas vezes são impraticáveis para garantir o trabalho médico e a manutenção dos consultórios, inviabilizando o atendimento pelo IPE Saúde. 

As recentes negociações realizadas pelo governo do Estado não foram cumpridas em sua totalidade, o que resultou no descredenciamento de profissionais de diversas especialidades e na precarização da assistência a cerca de 1 milhão de usuários. 

O Cremers entende como justa a reivindicação das entidades hospitalares e adere à urgência na revisão do modelo de remuneração, uma vez que os médicos também sofrem com os baixos valores pagos pelo IPE Saúde. 

Porto Alegre, 26 de fevereiro de 2024.