Entidades da segurança reivindicam paridade salarial com delegados

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A apresentação de um calendário de reajustes salariais para os delegados de polícia iniciou um levante de entidades de servidores da área de segurança pública. Uma comitiva do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm) entregou ontem um documento requerendo uma audiência com o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, e saiu de lá com a promessa de que, no dia 13 de janeiro, Pestana apresentará um calendário de reajustes à categoria.

Os integrantes do sindicato, vestidos com camisetas com inscrições que pediam a verticalidade de salários entre agentes e delegados, confirmaram que haverá forte mobilização da categoria até o dia 13. Para Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, os agentes não desistirão da equivalência salarial. “Não abriremos mão da verticalidade. É muita distância entre salários e por mais que seja em seis anos (a proposta para os delegados), hoje já se consegue ver os números. É isto que queremos”, disse. A Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (Asstbm) também exige que seja cumprida a lei que prevê a simetria salarial entre inspetores de primeira classe e os primeiros sargentos da Brigada. “Se a lógica do PT é dar mais para quem ganha menos, como podemos ter um percentual de reajuste menor que os delegados?”, questionou Alex Caiel, diretor da Asstbm.

A primeira reunião de negociação com as entidades da segurança será feita hoje, quando a Casa Civil receberá o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf), Leonel Lucas. Ele se diz preocupado com o rumo das negociações. “O governo dizia priorizar os menores salários, mas não é isso que vem acontecendo”, declarou ontem.

”Negociações serão feitas com cautela”


A série de reivindicações de entidades ligadas à segurança pública não impressionou o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana. Ele declarou ontem que o governo manterá a tranquilidade para negociar com as categorias. “Já conversamos com quase todas as entidades e estamos encarando com naturalidade as reivindicações.”

Pestana informou que o governo trata as questões da segurança como prioridade. “Este é um governo que tem um compromisso muito forte com os servidores da segurança. Estão entre as nossas prioridades a saúde e a segurança”, afirmou. O chefe da Casa Civil confirmou que há perspectivas de apresentação de um calendário para as categorias, mas destacou que as negociações serão feitas com cautela. “São negociações complexas e delicadas. Com os delegados, por exemplo, duraram três meses”, disse.

Os pedidos de reajustes por servidores da área da segurança pública repercutiram na oposição. O deputado Giovani Feltes (PMDB) declarou ontem que lhe causou estranheza a postura do Piratini. Segundo ele, o fato de fechar acordo primeiro com os delegados, que detêm os vencimentos mais altos, vai contra o discurso feito quando o PT não estava no poder. “O governo Tarso está sendo incoerente e está fazendo diferente do tempo que era oposição.” Feltes defendeu que todas categorias tenham reajustes. “Sou favorável a que todos servidores ganhem mais, mas o que o governo está criando é uma enorme expectativa nas categorias e não sei se isso (aumentos) vai se materializar”, disse.

Correio do Povo