Aliados pressionam Tarso a alterar projeto da Brigada

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Para tentar a aprovação hoje, líder do governo na Assembleia admite que proposta pode ser revista

O protesto da oposição é o de menos – o problema do governo envolve as principais bancadas aliadas, que evitam garantir apoio à votação prevista para hoje na Assembleia Legislativa. Embora a equipe de Tarso Genro negue oficialmente, a mudança nos critérios de promoção para oficiais da Brigada Militar deve ser reavaliada antes de chegar ao plenário da Casa nesta tarde.

O nó da controvérsia está em um dos artigos do projeto: ele triplica o peso de conceitos subjetivos atribuídos aos candidatos a major e a tenente-coronel (veja no quadro abaixo). Na Associação de Oficiais da Brigada, a iniciativa é encarada como um facilitador para promover apadrinhados. Até parlamentares governistas concordam com a tese.

Tamanha impopularidade fez o líder do governo na Assembleia, Valdeci Oliveira (PT), admitir ontem a possibilidade de alterações na proposta do Piratini.

– Estamos avaliando. Vamos ver se encontramos um ponto de equilíbrio, que agrade a todas as partes – adiantou Valdeci, que nesta manhã se encontrará com o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, para conversar.

Pestana, no entanto, garantiu por meio de sua assessoria que o projeto permanecerá como está. Enquanto isso, a oposição articula para as 10h uma audiência pública na Assembleia para pressionar o governo. Quem promove a reunião é a Frente Parlamentar da Segurança, presidida pelo peemedebista Gilberto Capoani.

Associação acusa governo de tentar esvaziar reunião

Prevendo desgaste no governo, Capoani convidou brigadianos para participar do debate, mas a associação dos oficiais respondeu com uma espécie de denúncia.

– O comando da corporação (nomeado pelo governador) está marcando formaturas, entregas de medalhas e reuniões no mesmo horário, em todo o Estado, impedindo os oficiais de comparecer – disse o presidente da entidade, coronel José Riccardi Guimarães.

O comandante da BM, coronel Sérgio de Abreu, defendeu-se afirmando que “não há nenhuma orientação do comando sobre esse tipo de compromisso e, se eles estão marcados, são coisas isoladas”.

Idealizador da proposta controversa, Abreu lembra que hoje será votado um projeto mais importante: o reajuste de 10% a todos os oficiais da corporação.

PAULO GERMANO

ZERO HORA