Correio do Povo faz um raio-x do Corpo de Bombeiros no Estado

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Série de reportagens abordará deficiências e esforços da corporação no Estado

O incêndio do Mercado Público, no primeiro sábado de julho, evidenciou as carências do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre. Se a situação da corporação na capital gaúcha não é ideal, no Interior tende a se complicar. Esse é o tema de uma série de reportagens do Correio do Povo, que será veiculada até quarta-feira, que apresentará o diagnóstico da corporação no Estado.

Uma equipe foi mobilizada para reunir informações e montar um raio X de praticamente todas as regiões do Rio Grande do Sul. Segundo instituições internacionais, para cidades com menos de 1 milhão de habitantes, o ideal seria um bombeiro para cada grupo de 2 mil habitantes. Sendo assim, o Rio Grande do Sul deveria ter 5,5 mil profissionais, considerando que o Estado tem cerca de 11 milhões de habitantes — quinto mais populoso do país. No entanto, o efetivo gaúcho chega a aproximadamente 3 mil homens, divididos em 115 quartéis.

“Mesmo assim, conseguimos atender 80% da população do Estado”, salienta o coordenador do Núcleo de Bombeiros da Associação dos Oficiais da Brigada Militar, major Rodrigo Dutra. O número de bombeiros por unidade também é reduzido. O ideal seriam 52 por quartel. No RS, no entanto, a média não chega a 50% do necessário. A elevada carga de trabalho e a carência de efetivo acabam por sobrecarregar os que estão na linha de frente.

Em algumas cidades do Interior, um pequeno grupo de bombeiros é responsável por atender a ocorrências na sede e em até 20 outras cidades vizinhas. Uma das causas dessa falta de bombeiros tem origem entre os anos 2000 e 2004. Nesse período, foram criados 115 quartéis — 47 novas unidades, além das 68 já existentes. No entanto, o efetivo não cresceu na mesma proporção.

De acordo com dados da Associação dos Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs), a situação é de risco. A maioria das cidades não possui caminhões ou outros equipamentos para combate a incêndio. Pelotas, no Sul do Estado, com cerca de 300 mil habitantes, tem um quartel de bombeiros com 101 bombeiros homens. “E esse efetivo tem que cuidar de mais 13 municípios ao seu redor”, exemplifica o coordenador adjunto da Abergs, Florisbelo Dutra, acrescentando que a unidade tem uma escada mecânica sexagenária.

Segundo Florisbelo Dutra, grande parte das cidades do interior do Rio Grande do Sul consegue caminhões pela Consulta Popular ou por meio de doações de coirmãs europeias, como a Alemanha. “E o esquema funciona dessa maneira: o que os europeus descartam por lá, mandam para cá”, revela. Por outro lado, o coordenador adjunto da Abergs admite que muitos municípios não possuem equipamentos para o combate efetivo ao fogo.

Fonte: Correio do Povo

Postado por Comunicação DEE ASSTBM

Incêndio no Mercado chamou atenção para equipamentos e pessoal  Crédito: Mauro Schaefer / CP Memória
Incêndio no Mercado chamou atenção para equipamentos e pessoal
Crédito: Mauro Schaefer / CP Memória