“BRIGADA FEZ POUCO CASO PARA O DESAPARECIMENTO DO MEU MARIDO”, DIZ ESPOSA DE BRIGADIANO DESAPARECIDO.

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>>> Queixa de mulher tem endereço certo. Depois de solicitar apoio do Exército e pedir mais efetivos e auxílio aéreo, ela ficou sabendo que a requisição teria que partir do comando do Tiradentes

As buscas ao policial militar Ilson Juliano de Almeida Vieira, de 30 anos, desaparecido no dia 3 de julho, no Cerro do Ouro, continuam de forma precária. O trabalho é feito por uma equipe de voluntários da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar (ACAS-BM) de São Gabriel. Se não houver reforço de efetivo até sábado, a Associação vai mobilizar um grupo de profissionais voluntários (com experiência) para realizar uma varredura pela região.

Mas até quando vai faltar apoio do comando da Brigada Militar?

O Rio Grande do Sul tem três Batalhões de Operações Especiais (BOE), cães farejadores e helicópteros. Nada disso, no entanto, foi inserido efetivamente de forma incisiva nas buscas pelo soldado desaparecido. Esta tem sido a maior queixa dos familiares do PM. A mulher dele – Daiane Xavier da Silva Vieira, de 29 anos – acha que a Brigada Militar está fazendo pouco caso para o desaparecimento do marido. E ela não reclama do comando do policiamento de São Gabriel, pois deste, segundo ela, houve manifestação de apoio com o deslocamento de PMs para a região. De acordo com Daiane, o major Giovane Paim Moresco, responsável pelo comando do Colégio Militar, “nunca foi claro em suas manifestações sobre o que estava sendo feito”, diz a mulher.
Nos últimos dias a situação piorou. Moresco, até o dia 15, explicava como seriam as buscas, “mas, agora, a gente liga e não consegue respostas. Segundo ele, o caso deixou de ser de busca e resgate e passou a ser de investigação”.
Realmente, a Polícia Civil está investigando o desaparecimento, mas essa questão investigativa não incluiu a procura do desaparecido. “Eu não posso ficar assim. Quero saber o que aconteceu com o meu marido. Quero encontrar ele, seja com vida ou sem vida”, comentou.
A direção da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar (ACAS-BM) encaminhou ofício ao comando regional. O documento, assinado pelo presidente Selmar Carbajal, foi entregue em Santana do Livramento em reunião que teve a presença do vereador André Lemes (PT), que também é brigadiano. O documento foi entregue ao subcomandante, Coronel Sinalus Serentto Mello, com o pedido de maior efetivo, apoio aéreo e participação do Exército. “Na quarta-feira, o pedido foi repassado para o Departamento de Ensino da Brigada Militar, em Porto Alegre”, informou o dirigente da ACAS-BM.

ENTENDA O CASO
Almeida está há sete anos na Brigada Militar. Desde o começo, quando ele serviu em Alegrete, tem buscado auxilio psicológico. Segundo a mulher, o marido sempre teve problemas com a pressão que o serviço de policial oferece.
“Quando conseguimos vir para São Gabriel, para próximo das famílias, achamos que iria melhorar”, comentou.
Desde 2010, Almeida trabalha no Colégio Tiradentes. Fora das ruas, no entanto, a pressão psicológica não diminuiu. Pelo contrário, de certa forma, na visão da mulher, aumentou ainda mais a ponto de o PM pedir transferência do setor administrativo para o Corpo de Alunos. “O atual comando cobra muito. É uma cadeia de cobranças estourando na parte mais fraca”, comentou.
Esgotado, Almeida foi afastado dos serviços por um período de 15 dias (atestado assinado pelo médico Hilton Souto Pereira). Em nova consulta, na Junta Militar, um médico da BM ampliou para mais 15 dias o prazo de afastamento. O soldado deveria se apresentar no dia 16 de julho, em Porto Alegre, no Hospital Militar da Brigada Militar.
No deu tempo. No dia 3 de julho, junto dos pais, Ilson teve um surto. O pai dele, Ilson Freitas Vieira, de 65 anos, conta que o rapaz ficou – pelo menos – 15 minutos pensativo, sem responder ou manifestar qualquer reação aos questionamentos que lhe eram feitos. Logo depois começou a pronunciar palavras sem significado e correu em direção a um mato. Almeida nunca mais foi visto.

AS BUSCAS
Por alguns dias, as equipes de busca tiveram a participação do Corpo de Bombeiros, Policiais Militares e do Grupo de Busca e Salvamento (GBS) de Porto Alegre, inclusive com utilização de cães farejadores. As ações oficiais foram encerradas no dia 9, quando passou a ser feito o trabalho apenas por voluntários.

PREOCUPAÇÃO
Como a atitude de Almeida é interpretada pelo comando da Brigada Militar? Apesar de afastado por problemas psicológicos, a mulher teme que a decisão do marido possa refletir na sua condição de servidor público. Ele poderia, por exemplo, ser visto como um desertor. Neste caso, o militar poderia ficar sem direito aos vencimentos.
A mulher de Almeida não quer pensar nisso. Disse que a situação do marido era de conhecimento do comando. Ela continua com esperança, aguardando o retorno do marido junto com o filho, Kauã, de 10 meses, no Bairro Dr. Dácio. Nesta sexta-feira (26/07), Almeida deveria comemorar 31 anos.

>>> Almeida estava sendo medicado. Nos últimos dias usava Cetralina, Pamelor e Bromazepan, além de Argos, este último receitado antes dele desaparecer.
>>> Na última consulta, em Santa Maria, Almeida recebeu atestado para mais 15 dias e teve a sua arma retida pela Junta Militar.

PODE SER DESERTOR!

Almeida poderá se dado como desertor já nesta segunda-feira (29/07). Daiane foi chamada pelo comando do Colégio Militar, no final da tarde desta sexta-feira, para falar sobre a entrevista concedida para o Jornal O Imparcial e Blog N1. Os militares foram informados da publicação no final da manhã, quando a reportagem tentou obter a versão da direção do Colégio. O comandante Moresco recebeu cópia da reportagem e ficou de analisar se haveria necessidade de contrapor. Nada foi encaminhado para a redação até o fechamento da edição. No entanto, a esposa de Almeida foi questionada e deixou o local bastante preocupada com as manifestações do comandante. Além de ficar sabendo da questão envolvendo deserção, ela constatou que a direção do colégio já fez o que podia fazer (segundo análise da direção).

 

Fonte e foto: http://n1noticia.wordpress.com

Postado por Comunicação DEE ASSTBM

Esposa-almeida na ACAS