AFOGAMENTOS

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Piscinas podem ser uma atração fatal

Especialistas recomendam que pais sempre fiquem de olho nas crianças

Um relatório da Rede Nacional Primeira Infância, a partir de dados do DataSus do Ministério da Saúde, revela que as mortes por afogamento foram a segunda causa de óbitos de crianças de zero a 9 anos, em 2012, ficando atrás de mortes por trânsito. Ao todo, foram 728 mortes por afogamento, contra 1.038 por acidentes de trânsito. Em relação a dez anos atrás, houve diminuição nas duas situações.

Em 2013, morreram 982 por afogamento e 1.456 por acidentes de trânsito. A morte de um menino de 1 ano e dois meses por afogamento em uma piscina, no dia 24 de agosto deste ano, na Capital, soou o alerta para pais que têm crianças pequenas e que possuem piscinas em suas casas. O incidente ocorreu no bairro Petrópolis. Apesar das tentativas de salvamento, a criança não resistiu e morreu no HPS.

Situações como essa poderiam ser evitadas, a partir de alguns cuidados. De acordo com o comandante da área de salvamento aquático do Grupo de Busca e Salvamento (GBS) do Corpo de Bombeiros Militar, capitão Isandré Antunes, é importante os pais nunca perderem o contato visual com os filhos, quando estão próximos a uma área de banho. E, além disso, no caso de piscinas, realizarem o cercamento dos espaços.

“Não recomendo nesses dias de inverno esvaziar a piscina, pois a criança poderia cair no fosso”, alerta Antunes. Para evitar que as crianças sejam atraídas para o entorno da piscina, Antunes recomenda aos pais retirarem qualquer tipo de brinquedo que possa chamar atenção. Bonecos, roupas ou acessórios que tenham cores chamativas ou que possam fazer com que as crianças façam associação com algum pertence seu devem ser mantidos longe da área.

Para o capitão, os pais não devem confiar muito em objetos como flutuadores ou boias. “Esses acessórios podem murchar ou até mesmo a criança os perder quando está na água”, explicou. Antunes também considera muito importante uma manutenção na área onde está a piscina, com cuidado especial nos ladrilhos para evitar cortes e machucados. O oficial do GBS considera salutar que as crianças comecem desde cedo a fazer aulas de natação.

Preocupado com os altos índices de afogamento de crianças e adultos, o médico David Szpilman, da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), propõe a Cadeia de Sobrevivência do Afogamento, que nada mais é do que um modelo voltado a orientar como enfrentar esse tipo de situação. O conceito de prevenção permanece sendo a mais poderosa intervenção, podendo evitar em mais de 85% os casos de afogamento. Szpilman ressalta que a pessoa que está se afogando, geralmente não acena ou pede socorro. Quem está em apuros, usualmente nada de maneira descontrolada e na posição vertical.

 

Ações simples ajudam na prevenção

Situações de afogamento de crianças poderiam ser evitadas com a adoção de medidas de segurança, independentemente da época do ano, observa o diretor técnico da Associação Nacional dos Fabricantes Construtores de Piscinas e Produtos Afins, Flávio

Andrade Araújo. Ele recomenda colocar uma cerca em volta da piscina, com portão de

altura mínima de 1,20 metro. Outra sugestão é uma capa de proteção, acima do fio de água. “Evita uma série de situações e suporta o peso de 70 a 80 quilos.”

Existe ainda no mercado de piscinas uma sistema de alarme em que uma sirene é acionada a qualquer movimento na superfície da água. Entretanto, essa opção não é recomendada por Araújo devido à possibilidade de falhas no sistema. “A sirene pode ser acionada, por exemplo, se há um vento muito forte e a água se movimentar demais. Ou o sistema pode parar de funcionar com a queda de luz”, explica.

Desde 2007, está sendo discutido na Câmara dos Deputados um projeto de lei para disciplinar a prevenção de acidentes em piscinas. Em junho, o texto final passou para a aprovação do Senado, onde permanece sem tramitação. Entre as medidas exigidas, está o cercamento do entorno do tanque de água em relação à área de circulação de pedestres para piscinas públicas ou coletivas. Essa divisão precisaria dispor de portão de segurança com dispositivo de fechamento automático e trinco autotravante. O acesso teria que ter chave e altura mínima de 1,5 metro do piso. Já para piscinas particulares valem as normas sanitárias e de segurança definidas em regulamentos.

Um item obrigatório nos dois espaços, apontado pela legislação, é a tampa antiaprisionamento para evitar o enlace de cabelos ou a sucção de alguma outra parte do corpo. Após aprovada, quem infringir a lei poderá ser advertido, pagar multa, ter a piscina interditada até que seja resolvido o problema ou ter cassada a autorização de funcionamento da piscina.

Fonte: Correio do Povo de 07set14

Postado por Comunicação DEE ASSTBM

Antunes (C, em pé) recomenda aos pais não perderem os filhos de vista
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